quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE PARAUAPEBAS - CEAP



.1 - HISTÒRICO.



Fruto de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Parauapebas, o ICMBio-IBAMA / FLONA Carajás e o Núcleo de Educação Ambiental do Campus Avançado da UFPA de Marabá (NEAm), foi criado em outubro de 2005 o Centro de Educação Ambiental de Parauapebas (CEAP). Trata-se de um Programa da UFPA/Campus de Marabá, Idealizado para desenvolver atividades de educação ambiental prioritariamente para a comunidade escolar da região. O CEAP tem sua sede localizada na cidade de Parauapebas, às margens do rio Parauapebas e da Floresta Nacional de Carajás a FLONA Carajás. Conta com uma equipe formada por professores do NEAm, professores da Secretaria Municipal de Educação de Parauapebas, técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da unidade do ICMBio-IBAMA da FLONA Carajás. Em setembro de 2005 foi desenvolvido o I Curso de Formação de Educadores Ambientais, ofertado pelo NEAm com o objetivo de selecionar e formar, dentre os participantes, uma equipe de educadores ambientais para atuar no CEAP.
O CEAP desenvolve, principalmente, 3 Projetos de Educação Ambiental voltados para a comunidade escolar da região, assumidos como multiplicadores potenciais, e Ações de Educação Ambiental para a comunidade não escolar. As atividades desses Projetos e Ações são desenvolvidas tanto no interior das unidades de Conservação de Carajás, o Mosaico de Unidades de Conservação de Carajás, quanto na área de assentamentos de camponeses do entorno dessas unidades.
De um modo geral, estes Projetos e Ações visam a formação e a informação da comunidade regional segundo as diretrizes definidas no Plano Nacional de Educação Ambiental. Têm o objetivo geral de promover a formação de uma consciência regional que se preocupe em estabelecer parâmetros mínimos de preservação e recuperação ambiental que se paute na conservação da biodiversidade regional, na qualidade das bacias hidrográficas, na qualidade de vida urbana e rural e no respeito às comunidades nativas.
A Prefeitura de Parauapebas, nesse sentido, deu um passo importante, a partir de janeiro de 2005, se voltando, mais intensamente, para os problemas ambientais do município: encaminhou, para a Câmara Municipal, Projeto de Lei criando a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, até antão inexistente e, ao mesmo tempo, tomou providências para que esta Secretaria pudesse desenvolver programas de Educação Ambiental integrandos as suas ações, nessa área, com as ações da Secretaria Municipal de Educação e buscando a parceria da UFPA para a viabilização de um Programa de Educação Ambiental para o município.


2- CONTEXTO SÓCIO AMBIENTAL


O município de Parauapebas localiza-se na região entre os rios Tocantins-Araguaia e Xingu, na região Sul-Sudeste do Pará, porção oriental da Região Amazônica e é cortado pelos rios Itacaiunas e Parauapebas, afluentes do rio Tocantins. Esta região também é composta pelos municípios de Tucuruí, Marabá, Curionópolis, Eldorado dos Carajás, Canaã dos Carajás, Ourilândia do Norte, Xinguara e outros.
O município de Parauapebas conta com uma população de aproximadamente 130.000 habitantes e tem como sede a cidade de mesmo nome que fica às margens do Rio Parauapebas e da Floresta Nacional de Carajás. Neste município localiza-se a Província Mineral de Carajás, famosa pelos seus depósitos de minérios de ferro, cobre níquel, manganês, ouro e outros, descobertos, ainda, na década de 60 e em exploração desde meados da década de 80.
Apesar da descoberta do minério ter se dado na década de 60 e o início da explorarão de ferro ocorrer em meados da década de 80, somente a partir do final da década de 80 é que foram definidas, na área desta província, as Unidades de Conservação: a Área de Proteção Ambiental do Igarapé do Gelado; a Reserva Biológica Tapirapé; a Floresta Nacional Tapirapé-Aquiri, culminando com a criação, em 1998 através dos decretos 2.480/1998 e 2.486/1998, respectivamente, a Floresta Nacional Itacaiunas e a Floresta Nacional Carajás, compondo o hoje denominado Mosaico da Província de Carajás.
Sócio ambientalmente, a região é marcada por diversos e complexos problemas caracterizados pelos conflitos no campo decorrentes de atividades econômicas que vão desde o extrativismo florestal, passando pelo garimpo, extração indiscriminada de madeira, agropecuária de grande e pequeno porte chegando a grande extração de minérios e a produção de Ferro Gusa (LOUREIRO,2002).
A recente e acelerada urbanização da região, imposta pelas exigências ideológicas do Regime Militar e pelo modelo econômico nacional, e os conseqüentes problemas sócio ambientais gerados, expôs, ao longo das últimas décadas, a incompetência administrativa de seus governantes. Este fato tem como origem o despreparo e o desinteresse, destes governantes, em atender as crescentes demandas sociais provocadas pelo intenso surto migratório que a ela acorreu a partir da década de 80 o qual quadruplicou a sua população, e em compreender a necessidade de preservar o imenso patrimônio natural que é (foi) a marca dessa região: a Floresta Amazônica (MONTEIRO, 1997).
Todos esses fatos associados deram inicio a um grande processo predatório de destruição da fauna e da flora regional, culminado com a formação do Arco de Desmatamento da Amazônia Sul Oriental ameaçando de extinção as espécies da fauna e da flora regional. Outra conseqüência foi a formação de ambientes urbanos de núcleos populacionais recentes, com elevado estado de degradação e o agravamento das condições já deterioradas dos núcleos antigos. Esses processos se associam a fatores como a conjunção explosiva de culturas provocada pelos surtos migratórios, e a incapacidade e desinteresse dos governantes em promover uma educação que se volte para a compreensão da importância da Natureza da região.
Historicamente a região Sul e Sudeste do Pará envolve 3 episódios sócio -econômico-ambiental, com papéis marcantes na construção da cultura regional e no estado ambiental em que se encontra (Martins, 2000):
- o 1º, mais longo, responsável por uma cultura regional mais antiga, se inicia ainda, no período imperial. É caracterizado pela implantação de núcleos urbanos, ao longo dos grandes rios da região (Tocantins, Araguaia e Xingu), únicas vias de acesso na época, criando cidades como Tucuruí, Marabá, São João do Araguaia, Conceição do Araguaia e São Felix do Xingu. Baseado, economicamente, no extrativismo florestal, caracteriza-se por um elevado estado de preservação da flora e fauna regional.
- o 2º , desencadeado a partir do final da década de 60, é imposto à região pela chamada doutrina da Segurança Nacional. Neste episódio, orquestrado pelo regime militar implantado pelo golpe de Estado de 1964, desenvolve-se uma política de implantação de projetos de colonização, planejado pelo Governo Militar, com a criação de Glebas de lotes Agrícolas e pela abertura da Rodovia Transamazônica, cortando a Floresta Amazônica para facilitar sua penetração. Ocorre, neste episódio, um considerável aporte migratório de colonos, trazidos do nordeste, sul e sudeste brasileiro, pelo governo militar, resultado de uma política de ocupação da Amazônia voltada para conter o surgimento de focos de resistência ao regime na região. Pecuária intensiva, grilagem de terras, conflitos armados entre pequenos agricultores e grandes latifundiários, início da exploração de madeira, marcam este episódio (LOUREIRO, 2002).
- o 3º episódio ocorre logo após o início do episódio anterior englobando aquele, no seu desenvolvimento. Está ligado às descobertas do minério de ferro da Serra dos Carajás, de alumínio da região do rio Trombetas e do ouro de Serra Pelada e de outras localidades na região. Caracteriza-se pela implantação de grandes projetos na Amazônia Oriental voltados para facilitar a exploração e exportação dos minérios: Projeto Carajás, Hidrelétrica de Tucuruí e Projeto Albras-Alunorte. A implantação desses projetos, com o aporte de grandes investimentos públicos e internacionais, e a descoberta do ouro de Serra Pelada, que provocou o surgimento de um dos maiores garimpos do mundo, no final da década de 70 início da década de 80, promoveu um intenso e, talvez, maior fluxo migratório para a região. Este fluxo, foi responsável pela vinda de pessoas de todos os cantos do Brasil, para trabalhar, ou tentar trabalhar, nos canteiros de obras dos grandes projetos ou, simplesmente tentar a sorte nos garimpos de ouro. Em condições precárias e degradantes, inúmeros e pequenos núcleos urbanos são transformados em municípios e muitos outros surgem ao longo das estradas que vão sendo abertas. É o caso da cidade de Parauapebas, sede do município, que surge às margens da área do Projeto Carajás
A região, do município de Parauapebas e adjacências, do ponto de vista cultural, social e econômico é fruto desses episódios. Os valores individuais e coletivos foram construídos em meio a esses episódios de luta e sobrevivência em que os interesses pessoais se sobrepõem aos coletivos e à necessidade de preservar a Natureza. Os poderes públicos municipais, estadual e federal, da época, pouco fizeram para sua reversão, ou por despreparo técnico e moral ou por desinteresse.
Um dos setores da sociedade que mais sofreram estas conseqüências foi o da educação. O ensino formal fica a mercê de políticas populistas e de pequenos grupos interessados em fazer da Educação palanque eleitoral para os seus propósitos, transformando a escola em instrumento de seus interesses políticos. Tanto o ensino nos níveis fundamental e médio como a formação de professores, são negligenciados pela administração pública. Com isso o processo educacional atinge níveis alarmantes de evasão e repetência. Não conseguindo discutir os fenômenos sócio ambientais da região, contribui, gradativa e indiretamente, para seu agravamento.
Para se contrapor a esse curso da formação educacional e da degradação ambiental na região, urge, no município e na região, iniciativas diversas, tanto públicas quanto privadas, que se volte para a formação de uma consciência, a partir da educação formal e não formal, que perceba a importância da preservação ambiental para a qualidade de vida.


3- OBJETIVOS
A formação de uma consciência ambiental regional voltada para a preservação do meio ambiente.


4- EQUIPE

COORDENAÇÃO GERAL


i) MSc. Andréa S. Carvalho - Bióloga / UFRA - Campus Parauapebas
ii) MSc. José Pedro de Azevedo Martins UFPA - Campus Marabá
iii) Frederico Drumond Martins - Chefe da FLONA Carajás / ICMBio

EQUIPE


i) Alessandra Lima Duarte Amorim SEMED
ii) Cristiane Maria Pereira Valente- Bióloga
iii) Danúbia Moura de Barros – Zootecnista 
iv) Fabiana Barrozo Marques - Bióloga
v) MSc. Francilma Mendes Dutra - Zootecnista
vi) José Alves da Costa Filho UFRA
vii) Leidiane de Melo Araujo - Bióloga
viii) Odilene Gomes Mendonça – Pedagoga
ix) Esp. Miguel Ângelo Soares Miléo - Geógrafo/Historiador     
x) Paula Sueli Duarte Monteiro - Bióloga
xi) Patrícia Régia Saço Castilho- SEMED /CEAP



5- PRINCÍPIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
O trabalho a ser desenvolvido no CEAP, partirá da visão que concebe a natureza como UM TODO, formada por indivíduos orgânicos e elementos físicos inter-relacionados e interdependentes, que compõem um sistema natural integrado.
Tendo em vista que a diversidade e a complexidade dos processos que intervêm na problemática ambiental propõem a necessidade de integrar diversos campos do conhecimento científico e técnico para seu diagnóstico. a compreensão do problema ambiental, nesta proposta, é visto como um ponto de convergência de diferentes saberes do conhecimento científico. Esta visão do problema se afina com o ponto de vista de Leff (2002), segundo o qual as práticas interdisciplinares, são necessárias para o diagnóstico da articulação dos efeitos gerados pela convergência de fenômenos naturais, de fatores tecnológicos, de mecanismos econômicos e de condições políticas e institucionais sobre a problemática ambiental (pg 95)
Do ponto de vista psicopedagógico, adota-se o princípio construtivista que compreende a aprendizagem como uma construção do indivíduo, de natureza dinâmica e interativa, mediada pelo meio sócio-cultural em que este se desenvolve, ou seja, fruto da relação indivíduo – ambiente social e não social (Schnetzler, 1992; Matuí, 1995; Grossi, 2000).
Do ponto de vista político-pedagógico adota-se a perspectiva da Educação Ambiental Crítica cuja concepção se propõe, segundo, Guimarães (2004), desvelar os embates entre forças sociais por hegemonia para que, numa compreensão complexa do real, se instrumentalize os atores sociais para intervir na realidade. Para este autor a Educação Ambiental Crítica tem como objetivo propiciar um processo educativo em que estejamos, educandos e educadores, nos formando e contribuindo, pelo exercício da cidadania ativa, na transformação da grave crise sócio ambiental (Guimarães, 2004; Carvalho, 2004)
A concepção a ser adotada pela Escola Ambiental assume, ainda, que a Educação Ambiental, para a formação de uma consciência ecológica, deve estar voltada não apenas para o enfoque do conteúdo específico, mas, também, para um enfoque necessário que , segundo Grün(2004), busque a avaliação dos valores humanos ético-sócio-ambientais vigentes, objetivando a construção de novos valores que permitam uma relação Homem-Sociedade-Natureza que aponte para um futuro saudável para a vida.
O trabalho educativo partirá também do princípio que o ambiente educacional de aprendizagem sobre a Natureza e seus processos, deve ser aquele em que as condições ambientais possam ser postas diretamente em contato com o estudante.


6- AÇÕES / PROJETOS:
a. A ESCOLA VAI À FLORESTA NACIONAL DOS CARAJÁS
i. Visa o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental na Floresta Nacional dos Carajás, para turmas de alunos das escolas da região.
b. EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA PROFESSORES DO ENSINO BÁSICO
i. Visa o execução de um Programa de Formação Continuada com o desenvolvimento de cursos teóricos e práticos sobre Metodologia da Educação Ambiental e temas Sócio-Ambientais, para professores do Ensino Básico da Região.
c. JOVEM AMBIENTALISTA.
i. Tem o objetivo de introduzir jovens do Ensino Médio, no estudo sistemático de questões ambientais a partir de simples e pequenos projetos de pesquisa, com a orientação da equipe docente do CEAP
ii. Requer o estabelecimento de um Programa de Bolsa de Estudos, ofertado pela PMP, como incentivo aos estudantes carentes, pela qual o estudante se compromete a dedicar 3 horas diárias de estudo no CEAP
d. EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA AS COMUNIDADES RURAIS E URBANAS
i. Tem o objetivo de desenvolver Atos Culturais (palestras, oficinas e cursos de conteúdo didático-científico e atividades artísticas), em temas ambientais, para Comunidades Rurais, Centros Comunitários e equivalentes na zona urbana, exposições públicas de cunho informativo com temática ambiental, campanhas regionais sobre questões ambientais gerais.
e. FACULDADE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A 3ª IDADE
i. Visa a formação de Ambientalistas da Terceira Idade a partir do desenvolvimento de um programa de estudos teóricos sistematizados e atividades práticas, voltados para as questões ambientais, em um período de 4 semestres.
f. PROJETO CURUPIRA
i. Tem o objetivo de desenvolver o cadastro - mapeamento de monumentos ambientais, abertura de trilhas ecológicas para a prática de Educação Ambiental e a sinalização ambiental da FLONA Carajás


BIBLIOGRAFIA:
1- CARVALHO, Izabel C. M. 2004. Educação Ambiental Crítica: nomes e endereçamentos da educação. In: LAYRARGUES, P.P (Org). Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília: MMA – Centro de Informação, Documentação Ambiental e Editoração. pp. 25 – 34.
2- GRÜN, M. 2004. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. 8ª edição, Campinas, SP. Papirus. 120p.
3- GUIMARÃES, Mauro. 2004. A Formação de Educadores Ambientais. Campinas: Papirus. 174p.
4- LEFF, Henrique. 2002. Epistemologia Ambiental. 2ª ed. São Paulo: Cortez Editora. 240p.
5- LOUREIRO, V.R. 2002. Amazônia: História e Análise de Problemas. 2ª ed. Belém: Distribel. 128p
6- MATUI, Jiron. 1995. Construtivismo: Teoria Construtivista Sócio – Histórica Aplicada ao Ensino. São Paulo: Moderna. 247p.
7- MONTEIRO, M.A. 1998. Siderurgia e Carvoejamento na Amazônia. Drenagem energético-material e pauperização regional. Belém: NAEA/UFPA. 271 p.
8- MARTINS, José P. de A. Plano de Desenvolvimento Institucional. Marabá. Campus do Sul e Sudeste do Pará. UFPA. 1999.
9- SCHNETZLER, Roseli P. Construção do Conhecimento eEensino de Ciências. In: Em Aberto. Nº 55. Brasília. MEC/INEP. 1992.






José Pedro